06 dezembro 2007

Viver numa casa sem ar condicionado...

... quer dizer que posso ir trabalhar em prol do environment de Timor-Leste, de carro (com ar condicionado), a pensar que a minha pegada ecológica é mais pequenina que a de outros que têm AC em casa, e que pelos menos por aí não contribuo para o aquecimento global da Mãe Terra – o novo tema preferido do meu chefe que acabou de voltar de um workshop, de dois dias, sobre este assunto tão em voga.

No entanto, estou em casa a trabalhar e escorro suor. Sei que há quem diga que as senhoras não suam. Perdão, mas nesta altura do ano, nesta terra, a não ser que haja ar condicionado por perto, não há viv’alma que não esteja a suar, independentemente de ser homem, mulher, criança, porco, galinha, senhora – ou não-senhora. Cá, neste cantinho, não sei se o ar hoje não estará com 98.34% de humidade atmosférica, conforme sugeri ao P. num SMS enviado à cerca de 5 minutos onde pedia que me enviasse um pouco de ar fresco.

Começo agora a pensar num chat tido hoje com um casal de amigos, onde aproveitei para me queixar da data que escolheram para o casório, daqui a um ano, no nosso pedaço de terra lusa, à beira-mar plantado, quando faz frio... Frio, que desde que vivi em Londres detesto... Acho eu...

Viver numa casa sem ar condicionado faz-me questionar uma das minhas grandes certezas – o meu ódio ao frio. No entanto, não posso dizer que me faça ter saudades do inverno de Londres, onde na minha viagem pedestre diária até à Faculdade, a descer Camden High Street, vestida à boneco Michelin (t-shirt, sweat-shirt, t-shirt, camisa de pescador de Sagres, cachecol, luvas, casaco grosso, gorro) a meio do caminho apanhava uma rajada de vento da Sibéria, acompanhada de uma chuvada também Siberiana, abria o umbrella comprado na véspera no quiosque da esquina, para - um minuto depois - estar numa guerra com o vento, com o meu umbrella e talvez com o de outra pessoa, porque tudo se tinha virado do avesso. Não. Definitivamente não será este calor, esta humidade, esta camada de suor colada à pele que me fará ter saudades do frio, mas uma brisa do mar (lalalaaalaaaalaaalaaaa) do Guincho até ia...

Entretanto, o M. e eu já ouvimos o grande José Cid a cantar Favas com Chouriço, o Conquistador dos Da Vinci e já tentamos encontrar a nossa Lena d’Água nos nosso gigas infindáveis de música, ao som do Poche-Poche e outros hits da noite em Dili city. É nisto que dá viver numa casa sem ar condicionado...

26 outubro 2007

Um sonho...

Fui ao site do Publico ver as noticias la de casa e encontrei a imagem e noticia abaixo. Sonho com o dia em que na classe economica em viagens de longo-curso as condicoes sejam as mesmas... Sera que isto esta previsto a tempo da minha proxima viagem com mais de 4 horas...?



www.publico.pt




25.10.2007 - 09h36
Airbus A380 tem uma cama a sério
No novo gigante do ar, o AirbusA380, que hoje completou o seu primeiro voo inaugural, entre Singapura e Sidney, até se pode dormir numa cama a sério. Mas há mais, para além desta cama com que todos já sonhamos em viagens de longo curso. Champanhe, caviar, sofás, televisão com acesso à Internet, são alguns dos luxos com que os passageiros, pelo menos os de primeira classe, podem contar. Eilliam Leong, um dos passageiros do voo inaugural, pagou 38 mil euros para viajar com a família, incluindo o seu pai de 91 anos. O Airbus A380 vira uma nova página na história da aviação comercial. Foto: Nir Elias/Reuters

24 outubro 2007

Baratas Suicidas

(Hoje nao ha acentos.)

Pela segunda vez esta semana, acordo e a caminho da verificacao matinal do ponto de situacao das formigas, encontro uma barata que aparentemente se suicidou. Sem razao aparente. Nao existem obstaculos que causem este acidente mortal as baratas. Que tera acontecido a esta pobre criatura? Agora foi para alimento do meu gatinho preto - o Bussa. Ou de qualquer outro gato ou mesmo cao, daqueles que ganharam agora o habito de se passearem no meu jardim. Mas enfim, assim pelo menos a morte da barata serviu para alguma coisa.

23 outubro 2007

Dili – uma cidade pequenina sem electricidade.

A história de mais uma noite sem electricidade no meu sector, o mesmo que o da R.:

Ao chegar a casa constato que não há electricidade. Componho a seguinte mensagem para a R. – Não temos electricidade. (Acho que tenho de gravar esta mensagem no meu telemovel com um atalho. Os dedos já se cansam de teclar a mesma (não-)novidade.)

Meia hora depois a R. liga:

R. – Onde jantamos?
Eu – Café Brasil? O novo não está aberto à segunda. Encontramo-nos lá?
R. – Ok. Aproveito para trabalhar mais um bocadinho e encontramo-nos lá.

Uma pequena nota – sabemos que o restaurante novo não está aberto à segunda porque ha duas semanas também não houve electricidade segunda-feira à noite e ao tentarmos ir ao restaurante novo acabamos por ir ao vizinho Café Brasil - o novo estava fechado. Fecha às segundas. O Café Brasil aos Domingos.

Com este último comentário lembro-me que sugeri ao L. que fosse ao Café Brasil jantar ontem, Domingo... ooopss... Mil perdonasthsssss L.!!! E já agora, pela 3ª vez hoje – a confirmação que Díli é mesmo uma cidade pequenina – Boa Viagem! E sim, eu sei que já te disse isso ao almoço e ao jantar e que curiosamente não combinamos almoço nem jantar, nem nos sentamos à mesma mesa, apenas nos encontramos nos mesmos sítios às duas refeições. Curioso que isto me tem vindo a acontecer com outras pessoas com alguma frequência... É mesmo pequenina esta cidade... aldeia... enfim...

Já passou algum tempo... continuo sem electricidade... As opções que se colocam são:
1. ir dormir – mas só são 2148;
2. trabalhar – mas já estou farta do computador;
3. continuar deitada no ‘day-bed’ que o D. me deixou (obrigadaaaaa!!!!) a ouvir música. Gosto da 3ª opção. Acompanhada da luz romântica de velas.

Boa noitiiiii.

19 outubro 2007

My new lullaby

Every night my neighbours sing this song as I fall asleep...


Stuck on you by Lionel Ritchie

Stuck on you
I've got this feeling down deep in my soul that I just can't lose
Guess I'm on my way
Needed a friend
And the way I feel now I guess I'll be with you 'til the end
Guess I'm on my way
Mighty glad you stayed

I'm stuck on you
Been a fool too long I guess it's time for me to come on home
Guess I'm on my way
So hard to see
That a woman like you could wait around for a man like me
Guess I'm on my way
Mighty glad you stayed

Oh, I'm leaving on that midnight train tomorrow
And I know just where I'm going
I've packed up my troubles and I've thrown them all away
'Cause this time little darling
I'm coming home to stay

I'm stuck on you
I've got this feeling down deep in my soul that I just can't lose
Guess I'm on my way
Needed a friend
And the way I feel now I guess I'll be with you 'til the end
Guess I'm on my way
I'm mighty glad you stayed

15 outubro 2007

Sexta-feira, 12 Outubro de 2007

Hoje foi feriado (o fim do Ramadão). Hoje às 0900 tive uma reunião.

Hoje tinha a minha segunda aula de Tetun. Hoje, a Professora de Tetun ligou-me às 1230, hora do início da aula, e disse-me que ia de fim-de-semana, a segunda aula fica para segunda-feira – talvez.

Hoje tinha uma reunião de trabalho com o meu chefe ultra-pontual, responsável e respeitador, marcada para as 1500. O objectivo era discutir a nova divisão de trabalho dos projectos visto a minha equipa ter sido reduzida de 3 para 2. Às 1515 ligo-lhe e pergunto se vem. Responde-me que se foi embora às 1445 porque nem eu nem o meu colega estavamos lá, os nossos computadores estavam desligados, não havia electricidade nem servidor. Hoje de manhã o meu chefe viu-me no gabinete. Hoje de manhã o meu chefe viu o meu colega no gabinete. Hoje de manhã o meu chefe verificou os mails que entraram desde as 1830 de ontem – hora a que saiu. Ontem, por volta das 1930 vi entrar no meu Inbox um mail, dirigido a todo o staff, a avisar que hoje, entre as 1300 e as 1700, não haveria electricidade nem servidor.

Hoje à noite fiquei em casa, no meu cantinho. Não me apeteceu a confusão do Exótica. Hoje não me apeteceu ligar a amigos para ir jantar fora. Hoje, quando finalmente me decidi arrastar da minha sanduiche de fresco – deitada no chão de mosaico fresco, debaixo da ventoinha de tecto da sala – e consegui afastar-me da série 24, fui até à cozinha para fazer o ‘comer’. Hoje, quando tirei a carne descongelada do frigorifico para fazer o ‘comer’, deu início o corte de electricidade do dia.

Hoje queria ver um filme e deitar-me fresquinha depois de um duche morno revitalizador. Hoje à noite não há electricidade, por isso hoje à noite não há leitor de DVD nem TV (só computador- enquanto a bateria durar). Hoje à noite não há electricidade, por isso hoje à noite a bomba de água que alimenta o meu chuveiro não pode funcionar.

Hoje, sentindo-me contente e feliz no meu palácio côr-de-rosa, deitada no meu chão fresco, à luz de três velas, depois de jantar uma massada feita no meu fogão-a-gás-à-luz-da-vela-de-igreja-grande, a pensar num banho à indonésia, depois de ter desabafado a frustração de não haver electricidade com amigos na mesma situação e ao som dos meus vizinhos musicais e sorridentes, lembro-me do que a minha mãe me dizia quando eu, em miúda, teimava que queria uma coisa, só por ter: “Pois é, também eu quero muita coisa e não tenho.”

24 setembro 2007

Queimar os últimos cartuchos em Nova Iorque

Há que aproveitar tudo o que Nova Iorque tem para oferecer...!


Sábado




Hóquei no gelo - New York Rangers vs Philadelphia Flyers, a equipa da casa perdeu...




Domingo




Central Park




Museu de História Natural





E amanhã, a cereja no topo do bolo - follow this link!!!

11 setembro 2007

New York

Two highlights of my visit to New York so far:


1. Blue Note Jazz Club, where Al di Meola was playing.

2. Museum of Modern Art for their collections and for the building.

01 setembro 2007

Breakfast in San Francisco

Setting:
San Francisco, a beautiful Italian corner street cafe, just up the road from our hotel.


M. goes to the food counter and orders our food.
M. goes to the drinks counter and orders our drinks.
M. joins me at the table and as we start chatting about San Francisco we are interrupted by the drinks counter lady screaming out M.'s name: M!!!!!!!!!!!!! with a Spanish accent. My orange juice was ready. He gets up and grabs the juice for me.
M. comes back to our table. We laugh at the scream and he shakes off the shock. We start chatting about San Francisco once again.
Suddenly, the cafe is once again filled with "M!!!!!!!!!!!!!!!!!!", once again a Spanish accent, but a new voice. Food was ready. M. gets up and returns with our food.
It all seems to have quietened down, the food is good, the conversation has died as we devour our panini.
"M!!!!!!!!!!!!!!" - once again his name is screamed out. We both jump - again. This time it's our hot chocolate and latte that are ready. We sit back. Laugh. Try to shake it off. Laugh again. Finish our food. Pay for breakfast and walk down the street laughing and screaming out "M!!!!!!!!!".

19 agosto 2007

A caminho.

Cá estou eu, no segundo dia de viagem, a caminho de Portugal, com o principal objectivo de estar presente num importante evento. Aproveito, como é óbvio, para matar saudades de todos os que lá andam e para passar uns dias de férias - sim, agora vou a casa passar férias.

A saída de Timor-Leste correu bem - calma, sem stress, sem pedras, sem ser necessário ir em convoy. A chegada a Bali foi suave - uma comprinha aqui, outra ali, seguidas de jantar no Japonês ao pé da Poppies Lane e uns copitos de 'conbibio' no Macarroni com o D., o R.S. e a P. - uma noite muito bem passada (obrigada amigos)! Neste preciso momento, informa-me o relógio que é dia 19 e que são 1305 locais, encontro-me no fantástico aeroporto de Singapura a usufruir a maravilhosa e gratuita tecnologia cibernautica. O meu próximo vôo sai às 2335... Para aproveitar todo este tempo morto, daqui a 2 horas e 35 minutos vou sair à cidade, fazer um tour que o aeroporto oferece aos passageiros que se encontram em trânsito por mais de 5 horas - no meu caso são 12 horas... Quando voltar do tour, vão faltar ainda 4 horas até ter de ir para a sala de embarque. Pode ser que ainda dê para fazer um post com fotos e impressões sobre a visita.

E agora, alguém é servido de noodles?

27 julho 2007

Novo Parque Nacional em Timor-Leste

Acabei de ser informada que foi aprovado o primeiro Parque Nacional em Timor-Leste, o Parque Nacional Nino Konis Santana.

Muitos motivos para festejar a proteccao de uma area verdadeiramente bonita na ponta leste desta ilha.

26 julho 2007

Uma noite tranquila.

Hoje foi uma noite tranquila por terras do Sr. Crocodilo. As crianças brincaram na rua até tarde. Os meus vizinhos entraram e sairam de casa varias vezes durante a noite. O vizinho da frente tocou guitarra para as crianças cantarem e mais tarde deu ele o concerto. O rádio apenas diz que a situação está calma em Díli. Correcção, há – como é hábito – problemas no Bairro Pité.

Kalem di'ak.

P.S. – R.: ao leres a última frase deste post já sabes que quando chegares cá encontrarás tudo como deixaste...
P.P.S. – R.: foi só terminar a frase para ouvir o rádio dizer que a situação já está calma.

25 julho 2007

Em casa, a 16.000 km de casa.

Mudei-me este Sábado e é muito bom estar na minha casinha côr-de-rosa. (Sim, eu que desde nova nutro um ódio especial por côr-de-rosa – geralmente dá-me arrepios - encontrei uma casa fabulosa, onde o interior da casa é todo dessa fantastica côr.) O meu gato preto é lindo e muito fofinho e mimado – faz-me lembrar os dois que não vejo faz já 3 meses e uns dias... Sinto-me em casa. Totalmente à vontade e instalada. A mobília feita na carpintaria do Sr. Jorge é um luxo, faltam apenas umas coisas que gostava de encomendar, mas está quase tudo. O alpendre já está mobilado, tenho mais um banco comprido do que estava à espera e falta só a mesa. É bom.
Comecei a escrever este post no Domingo à noite. Era a minha segunda noite na casa e havia alguma animação (leia-se tensão e actividades consequentes dessa tensão) no bairro. Felizmente, na minha rua nunca há esse tipo de animação. Na altura escrevi o seguinte:
“Tenho o melhor segurança de todos os tempos. Note-se a enorme diferença entre os seguranças que tenho aqui e os que estão na casa que deixei:
Em Comoro, onde morei até ontem:
Mesmo com agitação pela cidade o portão continua destrancado, o J. bebe Tua e adormece ao lado do gerador, que faz um barulho ensurdecedor, e do radio que está aos altos berros a 2cm da cara dele. O M. e filhos andam por um sítio qualquer, talvez a tentar cortar mais uma árvore do jardim porque está muito perto da casa... a noção de que a sombra da árvore tem a fantástica consequência de se poder ter uma temperatura agradável dentro de casa, não existe... Ao longo dos anos, julgo que já lhe devem ter explicado a lógica mais de umas 50 vezes... O L. não sei onde anda. Não o vejo há já alguns dias. Possivelmente foi ao Suai e não disse nada.
Agora, em Vila Verde:
O E., o J. e o Tio V. recebem-me com grandes sorrisos. Ajudam-me a tirar as coisas do carro. Abrem o portão sempre. Fazem sempre uma grande festa, afinal de contas sou amiga da M. de quem gostam muito e que viveu cá em casa 2 anos. O Tio V. hoje decidiu dar-me um grande abraço, não fala Português há muito tempo e agora vai falar todos os dias, diz-me isto com uma enorme alegria e dá-me mais um abraço forte. Esta equipa maravilha a 3 anda mesmo a patrulhar a casa e o jardim. No Sábado o E. deu-me instruções (mais pareciam ordens) para dormir numa divisão específica para não ouvir os distúrbios que acontecem de vez em quando. E o melhor foi agora (por volta das 2045 de Domingo), quando o E. me ligou e a conversa seguiu mais ou menos assim:
- Mana, onde anda?
- Estou em casa E.! Diz, está tudo bem?
- Mana, fica em casa. Hoje não sai. Se tiver de sair, não mostrar identificação UNDP nem Portugal.
- Porquê E.?
- Major falou. Crise. Advogado Português. Mana, fica em casa. Não sai.
- Obrigada E. Uma boa noite para ti e para a D.
- Mana, se precisar de alguma coisa liga. (Maneira simpática do E. me dizer que se tiver medo, para lhe ligar que ele e a D. estão aqui ao lado.)

Logo a seguir ligou-me a S., dei-lhe o recado do E., orgulhosa de ter o melhor segurança de sempre. Meia hora depois recebemos (nós, ONUentos) um SMS do nosso chefe de segurança a dizer para ficarmos em casa que havia festa pela cidade. (Obrigada, mas já tinha sido avisada!!!) Com o rádio ao meu lado (é o meu novo melhor amigo) vou ouvindo os diferente relatos sobre os acontecimentos pela cidade, ouço os helicopetros a andarem no ar e os nossos GNRs (espero que sejam eles pois a eficiência deles versus a de outras forças que cá andam, é reconhecida por todas as partes) a patrulharem o meu bairro.”
E aqui estou, contente e feliz, numa casa com alpendre, gato, portas exteriores com rede mosquiteira, mobilia da carpintaria Uai Mori, ventoinhas no tecto, candelabro da sala muito especial com quatro cores, azulejos com pinguins na casa de banho e mais uma data de coisas especiais que tornam este fantastico “pink palace” (como já me disseram que é conhecida a casa) na minha home away from home.
Há uma cama extra para quem me quiser vir visitar, ou para quem já não conseguir sair do bairro depois de me vir visitar...! 
E para terminar este longo post, fica aqui a mais recente mensagem transmitida pelo meu novo melhor amigo: To all stations, to all stations, this is S.B. The security situation in Dili remains...: calm. This is S.B. OUT.

04 julho 2007

Epoca das despedidas

E pronto... la foi o segundo...

Boa viagem Chefe! Em Agosto encontramo-nos por terras lusas.

Com um Brilhozinho nos Olhos

Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra
p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco. [x4]
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto [x4]
portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?
...

E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?



Sergio Godinho

02 julho 2007

Abriu a epoca...

... das despedidas.

A epoca iniciou hoje e preve-se grande intensidade de actividade no decorrer dos proximos dias. Avisa-se que ao longo do proximo mes a epoca continuara aberta, no entanto, espera-se menos intensidade.

Ao protagonista desta primeira despedida: a bifa deseja-te uma boa viagem e boa sorte nas aventuras que se aproximam.

28 junho 2007

Picadas

De todos os sitios parvos onde ja fui mordida por bichos nesta terra (mosquitos, formigas com asas, formigas sem asas e concerteza muitos outros), a minha mais recente picada (da noite passada) ganha o premio da mais parva e incomoda: na sola do meu pezinho delicado...

17 junho 2007

Security

A minha entidade patronal preocupa-se muito com a segurança dos seus funcionários - para sair de Díli ao fim-de-semana (basta ser mais do que 40km) preciso pedir autorização ao meu chefe, ao chefe dele e ao chefe de outra pessoa para assinarem um papel e carimbarem a vermelho: AUTORIZADO; para além disso preciso ligar quando sair de Díli, quando estiver a meio caminho da viagem e quando chegar ao destino, e repetir o processo para a viagem de regresso.

Para o dia-a-dia, organizou um sistema de SMS onde quem está no topo da hierarquia envia para os seus respectivos funcionários a informação de onde está a haver algum incidente para que não passem por lá. Até aqui, tudo bem. O curioso é jantar com um grupo de amigos que trabalham em agências diferentes e ver quem recebe o SMS de alerta primeiro e depois ver qual o desfasamento temporal da recepção destas mensagens. Uma breve análise indica que eu demoro mais 30 minutos a receber estas mensagens do que amigos meus que trabalham numa certa agência e que outros amigos meus, que trabalham na minha agência, recebem ainda depois de mim... mais uma meia horinha de espera... Sendo que na maior parte das vezes, quando há molho, este dura uns 10 minutitos, deixo aqui uma questão sobre a eficiência deste método de aviso.

Há também radios pelos quais deveremos ouvir avisos e informar sobre situações de insegurança, estes devem acompanhar todos os funcionários de todas as agências desta minha entidade patronal - cheguei há 2 meses e ainda estou à espera do meu...

Sendo assim, agradeço à rede de amigos que telefonam a avisar que acabaram de passar por lugar X e que é melhor passar por outro lado. Está comprovado que esta é a melhor forma de chegar a casa inteira - eu e o meu pópó! Obrigada amigos!

08 junho 2007

Simplesmente eu…

Recentemente têm-me dito que sou um pouco para o teimosa... obstinada... O http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx, dicionário online da língua Portuguesa define-me da seguinte forma:


Teimoso – que ou o que teima; obstinado; pertinaz; que tem birras;
Obstinado - teimoso; renitente; pertinaz; relutante; persistente; constante; firme; inflexível.


Mesmo assim dizem que gostam de mim.

Ainda bem.

05 junho 2007

Obrigada.

Fim-de-semana III


Leprecãoni - mascote da viagem.

Fim-de-semana II




Foi uma chatice dormir aqui...

Fim-de-semana I

Este fim-de-semana saí de Díli.

Foi bom sair de Díli.
Foi bom ir a Baucau.
Foi bom ir festejar o aniversário de um amigo.
Foi bom estar à conversa com amigos pela noite fora.
Foi bom estar a admirar a lua cheia com o mar como pano de fundo, numa casa no topo de uma colina.
Foi bom beber água de côco ao pequeno almoço.
Foi bom adormecer, dormir e acordar ao som da maré a encher e a vazar.
Foi bom dar muitas festinhas ao cão timorense que fala francês.
Foi bom conhecer pessoas novas.
Foi mau encravar um CD no leitor de CDs do carro de uma das pessoas que conheci no fim-de-semana.
Foi bom nadar e mergulhar no mar da praia de Baucau.
Foi bom acordar cedo e acabar de ler o Remains of the Day ao som da maré a encher.
Foi mau o fim-de-semana só ter tido 2 dias que passaram depressa demais.

A minha primeira encomenda



Conteúdo: um par de Havaianas (utilizadas desde o momento em que foram retiradas do envelope), Fenistil gel (arma essencial na minha guerra contra as babas causadas por picadas de insectos identificáveis e não só), DVDs (uma série, para render mais).

Na semana passada recebi a minha primeira encomenda.
Nesse dia, a encomenda que eles receberam lá no gabinete, era para mim.
De Portugal, a minha estupenda, maravilhosa, fabulosa, fantastica cara metade, tinha, em nossa casa, reunido um conjunto de coisas para enviar para o outro lado do mundo. Para mim. Prendas. Bens necessários. Mimos.
Deste lado do mundo, estas encomendas – já de si tão boas – sabem a pato! Hmmmm... pato... será que posso encomendar o arroz de pato da minha sogrinha para o almoço de domingo? Podem enviar por DHL...

04 junho 2007




Hoje faz anos o MEU tio. Do outro lado do mundo, ficam aqui os beijos, os abraços e mimos que te daria se estivesse aí, ao virar da esquina.

29 maio 2007

Hoje comecei o dia de forma diferente.

Nas ultimas semanas a viagem matinal ate ao trabalho tem levado ao desenvolvimento de um mau humor pouco habitual... Ora sao uns com carros identificados - geralmente com um acronimo bastante conhecido - ora sao outros com carros do governo, todos com ultrapassagens e manobras perigosas. Ha tambem as motas com pais e filhos que aparecem do nada sem se preocuparem em ser vistos...

Por vezes a vista do mar, com o Cristo Rei la ao fundo, tem o efeito calmante necessario, outros dias so com um cafezinho matinal no Hotel Timor e troca de grunhidos matinais com amigos que por la passam e que atinjo novamente o nivel zen apropriado para o inicio do dia de trabalho.

Ora hoje foi diferente. Embora acordada por engano pela minha querida mae as 0430 - dormia a tua filha tao profundamente!!! - acordei bem disposta mas a sonhar com o cafezinho. Ia eu a meio da marginal, quando reparei que no Land Cruiser a minha frente estava uma crianca linda, a sorrir muito (com aquele sorriso lindo das criancas timorenses) e a agitar-se toda a dizer-me adeus. Correspondi e disse-lhe adeus de dentro do carro. Pouco tempo depois, mais entusiasmada, meti o braco de fora do carro e agitei-em toda a dizer-lhe adeus novamente. Depois ela comecou a jogar as escondidas, escondia-se atras do pneu. Ria-se. E eu, perdida de riso, lancava as minhas gargalhadas habituais.

Foi uma boa maneira de iniciar o meu dia. Espero encontrar aquele Land Cruiser de manha, mais vezes.

15 maio 2007

Regressei à blogosfera, peço desculpa pela ausência... Foi o calor...!

Ao meu regresso a Timor-Leste associa-se um reboliço de emoções, um misto de novidade com falta de novidade. Todos me asseguram que é normal, e de facto dado o contexto misto, será de facto normal - mas não deixa de ser uma sensação estranha!

Para além disso, há outras coisas que me fazem sorrir e outras que nem por isso. Misturam-se entre si e é difícil fazer um balanço, algumas coisas mudaram para melhor, outras nem por isso, o mesmo se diz das coisas que ficaram.

Fica aqui uma breve lista.


Diferenças:

1. Receber SMS com avisos de segurança para não passar por uma parte da cidade e emails a "recomendar" não estar fora de casa entre as 0000 e as 0400... Lá terei de ficar neste cantinho.

2. Durante a noite o barulho dos helicopetros mistura-se com o barulho da bicharada.

3. De vez em quando cruzo-me com tanques recheados de militares australianos (a maior parte dos quais ainda não faz a barba) a passearem-se pela cidade.

4. Muitos militares australianos a passearem as suas armas.

5. Entrar no local de trabalho e em vez de dizer "Bom diááááá!", dizer "G'day mate, do you mind moving your gun so I can get past? Cheers."

6. Ter um quarto só para mim!

7. Ter um carro meu e só para mim!

8. Ausência do seguinte diálogo matinal: "Bom dia!" - "Só se fôr para ti!"

9. Há semáforos - é mesmo muito estranho... Não a nível da deslocação - tanto faz estar verde, amarelo ou vermelho, o movimento é sempre o mesmo, o que interessa é não parar, andar a 10 à hora em 5a. Os semáforos constam nesta lista por serem, para mim, uma novidade na paisagem urbana de Dili city.

10. Campos de Internally Displaced Persons.

11. Trabalhar numa entidade com orçamentos com muitos zeros - o melhor é não pensar muito no pouco impacto que os zeros acumulados a seguir a outro número qualquer, têm.

12. As filhas do Tio Manuel estão a ficar crescidinhas.

13. O Lino já dá aulas.

14. O Sr. Câncio.

15. Agora moro no piso de cima.

16. Quando estou deitada e estico a perna para tocar no colchão da cama de cima, não tenho ninguém a dizer que lhe estou a enfiar um dedo do pé entre as costelas.

17. Não acordo com uma companheira de quarto a rogar pragas e a praguejar contra o vizinho da frente.

18. O "Exótica" na 6a-feira à noite, recheado de militares - faz lembrar 2003.

19. A Mira está grávida!

20. Sou a única 'gaja' cá em casa.

21. Já não sou DA (bluuuuh... arrepio) GERTiL.

22. A roupa não vem estragada da lavagem.

23. Os cartões de telefone deixaram praticamente de ser vendidos na rua, foram substituidos por umas simples tiras... já não se ouve tanto "Cartaum???"

24. São raros os jantares em "família".

25. Vicio de jogos na Playstation em casa.

26. Menos falhas de electricidade.

27. A "Fina" foi descoberta por pessoas amais.

28. A quantidade de carros na rua, especialmente uns brancos com duas letras a preto pintadas nas portas.

29. Não há rede no jardim - já não dou o 'show' de me sentar na rede e cair de cú no chão.

30. O Beach Café já não é uma simples esplanada e o Dili Club passou a ser ao lado da ponte da Ribeira de Comoro.


Na mesma:

1. O "Carlos", embora diferente pela ausência da Beba e do Alex.

2. A resposta e o sorriso do Sr. Moniz da Embaixada de Portugal quando perguntamos: "Bom dia Sr. Moniz! Diak kalae?".

3. O Tio Zé e a sua amizade especial com o tuasaba.

4. O serviço na Pousada de Baucau.

5. A D. Florinda e as suas pernas de frango.

6. O humor matinal do Pedro.

7. Buracos nas estradas.

8. A condução dos taxistas.

9. As buzinas dos taxis.

10. O tuning dos taxis.

11. As melgas e os mosquitos. As baratas. Os ratos. As formigas. A bicharada em geral.

12. A reacção do meu corpo às picadas das melgas, dos mosquitos, das formigas e de outros bichos.

13. O Pedro ainda diz - "Ai caramba!" ou "Ai que niiiieeeeerrvos!"

14. Peixe balão.

15. "Malaaaaaaaaaaaay!", "Timoroan!", "Hihihihhihihihiihhiihihihhihihihihihihihihihihihihhihi!"

16. Os putos no "City".

17. Os putos no "Carlos"|"Exótica" à noite.

18. Dormir na cama de baixo do beliche.

19. A qualidade da música que o vizinho da frente ouve.

20. O volume com que o vizinho da frente acha necessário ouvir música às 0600.

21. As galinhas não se mexem quando um carro se aproxima.

22. Os cães não se desviam dos carros.

23. Os porcos passeiam-se no meio das ruas, mais ou menos recheadas de carros - estão-se nas tintas.

24. Famílias de timorenses numa única mota.

25. A Satorlina.

26. Dormir com rede mosquiteira.

27. A concentração de música de qualidade na casa do GERTiL.

28. Sessões de filmes.

29. Calor.

30. A suspensão da mikrolet.

17 abril 2007

Bali

Cheguei a Bali, ate agora tudo tranquilo! E agora vou-me embora dar um mergulho a piscina e sujeitar-me a duas horas de massagem com iogurtes e frutas e piscina com petalas... enfim... as vezes a vida e dura... :)

25 março 2007

24 março 2007

Eurovisão I

Portugal - 1989

21 março 2007

Urgh...!

Pausa para pensar / Words for thought

Mia Couto:

"Em todo o mundo, os pobres têm essa estranha mania de morrerem muito."

"All over the world, the poor have the strange habit of dying a lot."

15 março 2007

O meu cantinho amarelinho / My little yellow corner

A certeza das saudades que sentirei da minha cara metade, da minha família, dos meus amigos e até dos meus gatinhos ao embarcar numa nova viagem para Timor-Leste fizeram com que tente novamente ter um blog para contar novidades, histórias, pensamentos - enfim, o que apetecer!

Os posts estarão em Português, em Inglês ou em formato bilingue, dependendo da disposição e, sem dúvida alguma, da paciência.

(Não estranhem as alterações ao aspecto gráfico, anda ainda em obras.)


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The certainty that I will miss my better half, my family, my friends and even my cats in a new trip to Timor-Leste led me to once again try to have a blog so I can fill you in on my news, stories and thoughts – everything and anything!

The posts shall be written in Portuguese, English or in a Bilingual format, depending on my mood and, without a doubt, my patience.

(The graphic design of the blog is still in construction, you’re bound to find changes to it.)

Teste

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