06 dezembro 2007

Viver numa casa sem ar condicionado...

... quer dizer que posso ir trabalhar em prol do environment de Timor-Leste, de carro (com ar condicionado), a pensar que a minha pegada ecológica é mais pequenina que a de outros que têm AC em casa, e que pelos menos por aí não contribuo para o aquecimento global da Mãe Terra – o novo tema preferido do meu chefe que acabou de voltar de um workshop, de dois dias, sobre este assunto tão em voga.

No entanto, estou em casa a trabalhar e escorro suor. Sei que há quem diga que as senhoras não suam. Perdão, mas nesta altura do ano, nesta terra, a não ser que haja ar condicionado por perto, não há viv’alma que não esteja a suar, independentemente de ser homem, mulher, criança, porco, galinha, senhora – ou não-senhora. Cá, neste cantinho, não sei se o ar hoje não estará com 98.34% de humidade atmosférica, conforme sugeri ao P. num SMS enviado à cerca de 5 minutos onde pedia que me enviasse um pouco de ar fresco.

Começo agora a pensar num chat tido hoje com um casal de amigos, onde aproveitei para me queixar da data que escolheram para o casório, daqui a um ano, no nosso pedaço de terra lusa, à beira-mar plantado, quando faz frio... Frio, que desde que vivi em Londres detesto... Acho eu...

Viver numa casa sem ar condicionado faz-me questionar uma das minhas grandes certezas – o meu ódio ao frio. No entanto, não posso dizer que me faça ter saudades do inverno de Londres, onde na minha viagem pedestre diária até à Faculdade, a descer Camden High Street, vestida à boneco Michelin (t-shirt, sweat-shirt, t-shirt, camisa de pescador de Sagres, cachecol, luvas, casaco grosso, gorro) a meio do caminho apanhava uma rajada de vento da Sibéria, acompanhada de uma chuvada também Siberiana, abria o umbrella comprado na véspera no quiosque da esquina, para - um minuto depois - estar numa guerra com o vento, com o meu umbrella e talvez com o de outra pessoa, porque tudo se tinha virado do avesso. Não. Definitivamente não será este calor, esta humidade, esta camada de suor colada à pele que me fará ter saudades do frio, mas uma brisa do mar (lalalaaalaaaalaaalaaaa) do Guincho até ia...

Entretanto, o M. e eu já ouvimos o grande José Cid a cantar Favas com Chouriço, o Conquistador dos Da Vinci e já tentamos encontrar a nossa Lena d’Água nos nosso gigas infindáveis de música, ao som do Poche-Poche e outros hits da noite em Dili city. É nisto que dá viver numa casa sem ar condicionado...