15 outubro 2007

Sexta-feira, 12 Outubro de 2007

Hoje foi feriado (o fim do Ramadão). Hoje às 0900 tive uma reunião.

Hoje tinha a minha segunda aula de Tetun. Hoje, a Professora de Tetun ligou-me às 1230, hora do início da aula, e disse-me que ia de fim-de-semana, a segunda aula fica para segunda-feira – talvez.

Hoje tinha uma reunião de trabalho com o meu chefe ultra-pontual, responsável e respeitador, marcada para as 1500. O objectivo era discutir a nova divisão de trabalho dos projectos visto a minha equipa ter sido reduzida de 3 para 2. Às 1515 ligo-lhe e pergunto se vem. Responde-me que se foi embora às 1445 porque nem eu nem o meu colega estavamos lá, os nossos computadores estavam desligados, não havia electricidade nem servidor. Hoje de manhã o meu chefe viu-me no gabinete. Hoje de manhã o meu chefe viu o meu colega no gabinete. Hoje de manhã o meu chefe verificou os mails que entraram desde as 1830 de ontem – hora a que saiu. Ontem, por volta das 1930 vi entrar no meu Inbox um mail, dirigido a todo o staff, a avisar que hoje, entre as 1300 e as 1700, não haveria electricidade nem servidor.

Hoje à noite fiquei em casa, no meu cantinho. Não me apeteceu a confusão do Exótica. Hoje não me apeteceu ligar a amigos para ir jantar fora. Hoje, quando finalmente me decidi arrastar da minha sanduiche de fresco – deitada no chão de mosaico fresco, debaixo da ventoinha de tecto da sala – e consegui afastar-me da série 24, fui até à cozinha para fazer o ‘comer’. Hoje, quando tirei a carne descongelada do frigorifico para fazer o ‘comer’, deu início o corte de electricidade do dia.

Hoje queria ver um filme e deitar-me fresquinha depois de um duche morno revitalizador. Hoje à noite não há electricidade, por isso hoje à noite não há leitor de DVD nem TV (só computador- enquanto a bateria durar). Hoje à noite não há electricidade, por isso hoje à noite a bomba de água que alimenta o meu chuveiro não pode funcionar.

Hoje, sentindo-me contente e feliz no meu palácio côr-de-rosa, deitada no meu chão fresco, à luz de três velas, depois de jantar uma massada feita no meu fogão-a-gás-à-luz-da-vela-de-igreja-grande, a pensar num banho à indonésia, depois de ter desabafado a frustração de não haver electricidade com amigos na mesma situação e ao som dos meus vizinhos musicais e sorridentes, lembro-me do que a minha mãe me dizia quando eu, em miúda, teimava que queria uma coisa, só por ter: “Pois é, também eu quero muita coisa e não tenho.”

1 comentário:

pedro disse...

É tramado! :D